quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Plantando e sendo plantado!


Auroville - Índia
01 de outubro de 2008

A Tropical Dry Evergreen Forest (TDEF) só pode ser encontrada na sua península do sudeste da Índia e no Sri Lanka, e produz uma rara riqueza biológica, que está praticamente extinta a mais de uma geração, com aproximadamente 0.01% de sobrevivência (http://plasim.blogspot.com/2007_03_01_archive.html). Nesta península, existem muitos desafios para a permanência da floresta, como a grande densidade populacional, a intensificação da agricultura, a extração inadequada de madeira, solo e pedras (tipo seixo), queima de resíduos orgânicos ou não, dentro da floresta. Tudo isso vem causando uma série de problemas ambientais, tais como erosão (com formação de grandes cânions), perda da diversidade genética, de plantas tradicionais de curas e de nutrientes no solo. Isto vem sendo trabalhado no Cinto Verde de Auroville. Uma das comunidades que vem mediando esta questão é a Sadhana Forest que já tem plantado aproximadamente 17 mil arvores (http://plasim.blogspot.com/2007_03_01_archive.html) e envolvido a população local neste trabalho, através de uma harmoniosa relação de troca, especialmente com as crianças. Então, junto ao Sadhana, a população tem, ao poucos, entendido a importância da floresta e diminuido seu impacto na mesma, através de um processo espontâneo de educação. A atividade de reflorestamento é muito especial. As áreas de erosão estão sendo usadas como estratégias de conservação de águas e contribuindo para o reflorestamento.



Nos dias mais secos, nós, voluntários, cavamos buracos num solo argiloso, avermelhado e bastante duro. Os buracos são quadrados e tem aproximadamente 1m de profundidade e um pouco mais de 60cm de lado. Depois de cavados, os buracos são cobertos com folhas secas coletadas na área ao redor. Nos dias mais úmidos nos empenhamos na plantação das árvores. Equipes são formadas para cada tipo de atividade, tais como: carregar sacos de composto (provenientes dos banheiros compostáveis) para o local onde serão plantadas as árvores; carregar sacos de areia coletadas em trechos de erosão do solo; levar as mudas das arvores para o local e mergulhá-las numa mistura de água e um composto orgânico de microorganismos usados para fermentação; coleta de folhas secas. Ao lado e cada buraco devem ser formadas montes de cada material. Primeiro, uma medida de areia vai cobrir o buraco. Depois misturamos bem o solo argiloso (retirado do próprio buraco), mais uma medida de areia e uma medida de composto. Deve ser bem misturado e colocado, sem socar no buraco, que deve ficar com uma borda de 4 a 5 dedos de profundidade. Depois, enfiamos a mão bem no meio da mistura com a profundidade e diâmetro da muda e, finalmente, a colocamos na sua nova morada. Depois disso a cobrimos com um pouco da mistura, sempre observando que as laterais e esquinas desta morada não devem ficar mais altas que o restante, e precisam ser levemente socada. Este detalhe garante que o sol não resseque o solo e mate a planta. E então, concluímos cobrindo bem a morada com folhas seca, evitando o excesso de calor do sol. Os campos de reflorestamento são cercados por bordas de solo argiloso retirado de uma grande piscina no local mais rebaixado do campo. Esta técnica é de conservação da água do local.


Para mim, esta tem sido uma experiência muito especial, tão cansativa quanto gratificante!!!!!Assim, segundo as palavras do próprio Sadhana Forest, “este é um lugar para se crescer árvores e pessoas”. É verdade.
Trabalhar e viver no Sadhana é como crescer junto com as árvores que plantamos.

Juana Santos




Imagem 1: Tropical Dry Evergreen Forest (TDEF). Fonte:http://www.auroville.org/
Imagem 2: Reflorestamento voluntário em Auroville. Foto: Arquivo Juana Santos
Imagem 3: Ju em Auroville. Foto: Arquivo Juana Santos

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A vida no Sadhana Forest

Queridos amantes da sustentabilidade,

Estou na Índia vivendo uma experiência de vida sustentável em Sadhana Forest, uma fazenda sustentável localizada no Cinto Verde de Auroville, cujo principal objetivo e recuperar a floresta, chamada aqui de Evergreen Dry Forest. Outro grande objetivo e disseminar o conceito e, principalmente, a pratica objetivo da vida sustentável, que só se aprende vivendo. Estou entrando na minha terceira semana e gostaria de compartilha o que já vivenciei.

Gostaria de começar meu depoimento lembrando que o acesso a internet não é tão fácil, por isso não posso garantir depoimento sistemáticos, mas pretendo sempre que puder escrever e compartilhar minha vivência neste lindo lugar. Também gostaria de enfatizar a importância da troca, ou seja, gostaria que todos se sentissem a vontade de trocar idéias, vivências, questionamentos, técnicas, etc. Pois, acredito que só assim e possível escrever outra historia, outro estilo de vida.

Bem, aqui não usamos energia degradadora, só energia solar (fotovoltaica) e quando esta não é suficiente, seja por insuficiência do sol ou por aumento de demanda, os voluntario tem que fazer "exercício" nas 4 bicicletas (tipo ergométrica) conectadas a bateria!!! Este trabalho deve ser feito em conjunto e no mesmo ritmo para otimizar a energia humana. Talvez por estes limites, praticamente não usamos aparelhos eletrônicos, apenas iluminação noturna da cozinha, banheiro e da palhoça comunitária, limitado acesso a dois computadores e, raramente, um liquidificador. Todas as sextas-feiras tem sessão cinema, quando chamamos a comunidade e os aurovillianos para compartilha um momento de reflexão, com filmes temáticos sobre os impactos ambientais do estilo de vida da sociedade contemporânea. Este "evento" é seguido por jantar e roda com musica improvisada pelos voluntários e convidados.

Aqui todas as construções são grandes palhoças, feitas completamente por materiais naturais e locais, como madeira e palha, feitas com técnicas de outro grupo de trabalho de Auroville, aplicada por moradores das vilas indianas vizinhas. A meu ver, as estruturas são incríveis!

A dieta é vegana. Já a indiana é muito picante para mim!!! São três fogões a lenha (pequeno, médio e grande) feitos de tijolo e cimento, com formas arredondadas, na medida da panela. O fogão é considerado econômico, pois nós encaixamos a panela quase inteiramente nele, tem uma abertura entre o local da chama e a panela. O local onde a panela é encaixada é revestido por um material que reflete o calor ao invés de absorver, mas confesso que não entendi, talvez pela dificuldade da língua. Temos três tipos de compostagem, comida crua, cozida e a do banheiro. As duas primeiras fazemos a compostagem no jardim e serve para fertilizar a incipiente horta. A última é recolhida e exposta ao sol e serve para fertilizar as futuras árvores.

O banheiro é turco, seco e separado, de acordo com a necessidade (hehehe). O uso de papel higiênico é desestimulado, usando apenas água. O xampu, sabonete e sabão para lavar roupa são biodegradáveis, feito por Auroville. A pasta de dente é um pó feito de plantas. Aqui, resolvi testar duas novidades de higiene pessoais, independente do que é usado na fazenda. Primeiro, substitui o desodorante por talco (polvilho anti-séptico granado, se eu não me engano) e estou muito satisfeita, pois suo muito aqui e ele tem cumprido bem sua função. Outra e o bio-absorvente, que e feito de algodão e só é necessário uma boa lavada, bem como as roupas intimas e ele já ta pronta pra outra.

Na primeira semana éramos 32 voluntários de varias parte do mundo, 12 japoneses, 4 israelitas, 3 ingleses, 3 americanos, uma jamaicana, 3 franceses, entre outros. Na segunda semana chegou um grupo de 25 estudantes e professores coreanos de uma escola de midia, com o objetivo de fazer um documentário sobre Auroville como atividade de fim de curso. Apesar da rotina ser formada por chegadas e despedidas, a chegada do grupo desafiou a comunidade e sua rotina de manutenção. Aqui, a comunidade é formada por alguns poucos voluntários que passam meses e por uma maioria que passa poucas semanas, ocorre assim uma diferença no grau de comprometimento dos mesmos. Nossa rotina é formada por: na primeira metade da manha, trabalho com reflorestamento; na segunda metade com atividades de manutenção da fazenda e as tarde "teoricamente" livre, mas sempre temos algumas atividades de manutenção neste período. Sendo assim, nosso dia-a-dia é repleto de compromisso que garantem o funcionamento da estrutura e pra isso cada um tem que fazer sua parte (o que nem sempre acontece). Isso está diretamente relacionado com um aspecto interessante daqui: a educação.

A pedagogia do Sadhana Forest é a liberdade, o aprendizado natural e espontâneo, com o mínimo de interferência possível. Ou seja, com exceção de um breve passeio na fazenda pra apresentar estruturas, como banheiro, cozinha, dormitório e lavanderia, ninguém nos ENSINA como deve se viver, trabalhar, se comportar aqui!!! Raramente, alguém te chama atenção se você não se compromete com o trabalho. Isso deve vir primeiramente da sua consciência do que você deve fazer, da parte que te cabe na comunidade, da importância de seu papel no funcionamento da vida em comunidade. Isso, por um lado é lindo, mas por outro ainda é um grande desafio!!! Mais muito interessante de se experimentar!!!

No mais, o consumo, sobretudo de produtos industrializados é desestimulado! Vivemos com o mínimo e necessário. Qualquer atividade ou desejo exige trabalho. Tudo exige força e vontade. Nada é gratuito, nada é fácil, nada é cômodo, logo... também não há desperdício de força humana! Qualquer energia é otimizada e respeitada! Agora a reflexão fica por conta de vocês
;o)

Ate um próximo depoimento!
Aguardo retorno desta terra maravilhosa!

Abraços,
Juana.

Saiba mais sobre Sadhana Forest e Auroville

Fotos:
1- A galáxia: plano de Auroville, Índia.
2- Pessoas plantando árvores no cinturão verde (The Greenbelt) de Auroville.
3- Foto panorâmica de The Greenbelt.

fonte das fotos: http://www.auroville.org/index.htm (link acima).




quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Repelente de Citronela

Passo a passo da receita de repelente de citronela

Grupo partilha numa manhã de experimentos.
Fizemos uma pequena quantidade para Juana levar em sua viagem à comunidade de Auroville na Índia.

Muito fácil de ser feito...